9 de jan. de 2012

Atraso e desrespeito marcam as três primeiras rodadas de negociação com o Sindgraficas * Por Rogério Andrade


As três primeiras rodadas de negociação com o Sindgraficas (Sindicato patronal nascido da fusão entre Unigrafica e Sigrace) mostram claramente o deseja dos patrões para o setor gráfico cearense: um setor cada vez mais dominado por dez ou quinze gráficas consideradas grandes ou médias; e um setor onde a riqueza produzida pelos trabalhadores seja concentrada nas mãos dos empresários. Seja ele grande, médio, pequeno ou micro.
É o que se compreende da fala de um dirigente do sindicato patronal, Sr. Fred Fernandes, durante a terceira rodada de negociação. Ele disse referindo-se a Convenção Coletiva de Trabalho do setor gráfico convencional: “minha empresa precisa ter um diferencial”.
O que ele quer dizer com esse “diferencial” que sua empresa precisa ter? Ele quer dizer que a Convenção Coletiva de Trabalho do setor precisa ser a mais pobre possível. Não ter piso salarial, não ter cesta básica, não ter vale-alimentação e o reajuste salarial tem que ser pequeno. A Convenção deve ter no máximo, aquilo que determina a Lei. Assim, com uma Convenção sem conquistas ele pode oferecer àqueles trabalhadores que ele julga vestir a camisa da empresa, um ou dois benefícios que não estejam garantidos na Convenção. É isso que ele vai chamar de “diferencial”. Para os demais trabalhadores só trabalho, trabalho, trabalho.
É com esse pensamento que os empresários gráficos do Ceará sentam à mesa de negociação. Com o objetivo claro em não conceder nada afim de não dividir o lucro produzido pelos trabalhadores  que lhes garante uma vida luxo, carrões, casa de praia, passeios no exterior.
O objetivo dos trabalhadores nesta campanha salarial é completamente diferente. Queremos aproveitar o crescimento econômico do país e o estado do Ceará, o ano de alta produtividade provocado pelas eleições para prefeito e vereador que se aproxima para garantir distribuição de renda e qualidade de vida a todos que trabalham no setor.
Não sairemos desta Campanha sem conquistas!  O momento não permite que aceitemos um instrumento coletivo de trabalho que não melhore as precárias condições de vida dos trabalhadores gráficos. 
* Rogério Andrade é presidente do Sintigrace