14 de abr. de 2010

Unigrafica tenta esconder de seus associados sua responsabilidade no fracasso das negociações salariais

Um comunicado do Sindicato patronal aos seus associados lamenta a suspensão das negociações visando a Convenção Coletiva de Trabalho. Assinado pelo presidente da entidade, Sr. Fred Fernandes, o comunicado omite fatos, para esconder a responsabilidade do Sindicato patronal pelo fracasso das negociações. O comunicado desinforma, ao invés de bem informar.

Segundo o comunicado, a proposta de reajuste salarial de 4,5%, está “acima do índice oficial”. Que índice oficial? No Brasil não há mais indexação salarial. Portanto, não há mais índice oficial. A proposta do Unigrafica é maior que o Índice Nacional de Preço ao Consumidor – INPC, utilizado como base pela maioria das categorias para reajustar os salários. O Unigrafica omite o fato de que sua proposta é muito baixa considerando o crescimento econômico dos últimos anos no País, no Estado e no setor, e que no setor gráfico convencional a convenção só tem praticamente o reajuste. O “aumento” acima do “índice oficial” oferecido pelo Unigrafica é de 90 centavos na diária do trabalhador que ganha 600 reais. É ou não uma piada de mau gosto?

O Sindicato patronal diz que “aquilo que é estabelecido em convenção torna-se lei, portanto obrigatório para todos”. Diz mais: “Não podemos obrigar aos que não podem, a assumir custos acima de suas possibilidades”. Para o Unigrafica, as pequenas e micro-empresas gráficas não podem arcar com um reajuste salarial maior e com melhores condições de trabalho para seus empregados. Uma pesquisa feita por nossa entidade desmente o Sindicato patronal: uma boa parte das gráficas pequenas ou micro já deram reajustes. Em algumas o reajuste chegou a 10%. Maior até que o reajuste do salário mínimo que foi de 9,68%. Logo, não são as empresas pequenas que insistem em um reajuste tão baixo.

No comunicado o Sindicato patronal faz uma confissão: “É consenso no Unigrafica que melhorias salariais acima do definido em convenção fica a critério de cada empresa, e principalmente, em função do desempenho individual de cada colaborador”. Tirando o "colaborador" não temos nada contra. Porém, a pretensão do Unigrafica é dividir os trabalhadores dentro das empresas. É o desempenho de todos e não o desempenho individual de cada um que garante o crescimento das empresas do setor. Grandes, pequenas e micros. O que o Unigrafica quer de fato é que as empresas tratem à pão e água a maioria dos profissionais, ignorando a importância de todos no processo produtivo.

Por fim, o Unigrafica diz que o setor gráfico de jornais e revistas fechou a convenção com o “índice oficial”. O reajuste salarial neste setor foi de 4,11%. E os pisos tiveram reajuste de 4,61% . O que o Sindicato patronal não diz é que no setor gráfico de jornais e revistas temos uma Convenção Coletiva de Trabalho com: piso salarial, horas extras pagas a 80%, transporte, seguro de vida no valor de 36 pisos, estabilidade de 45 dias para todos, estabilidade de 120 dias para a mulher após a licença maternidade, Dia do Gráfico, abono de falta dos pais quando acompanham filhos ao médico, campanha de sindicalização dentro das empresas, livre acesso do Sindicato às empresas, liberação de diretores do sindicato e de profissionais, entre outras vantagens para os trabalhadores. O Unigrafica não nos oferece nada disso. Mas, oferece reajuste salarial abaixo da média.

A verdade é que ao Unigrafica não interessa discutir uma Convenção Coletiva para o setor. O Sindicato patronal está usando as empresas pequenas para esconder que é nas grandes e médias que as condições de trabalho são mais precárias. Os empresários do setor gráfico socialmente responsáveis saberão reconhecer que a intransigência não é dos trabalhadores, que há anos esperam pacificamente pelo reconhecimento que os dirigentes do Unigrafica, mesquinhamente, insistem em lhes negar.

Rogério Andrade - presidente do Sintigrace