12 de jun. de 2010

Imprimindo qualidade de vida?

*Rogério Andrade

Nada mais indecente para quem vive o dia-a-dia dos trabalhadores gráficos do que abrir as páginas da revista do Unigrafica. A edição de janeiro/março propugna uma “indústria gráfica sustentável” e diz, entre outras inverdades, que o Unigrafica está “imprimindo qualidade de vida”.


Ambiente industrial sustentável e qualidade de vida é tudo que a indústria gráfica cearense não produz. Nas páginas da revista uma indústria com ambiente de trabalho cor de rosa. Na realidade do trabalhador gráfico uma vida dura, sem qualidade e sem aumento salarial em 2010.

Poderíamos discutir outros aspectos do que foi divulgado pela revista, porém, vamos nos deter no aspecto trabalhista, pois, sem condições de trabalho decente, jamais haverá ambiente sustentável e qualidade de vida.

Na edição citada, o Sr. Fernando Antonio, diretor industrial da Tiprogresso, diretor do Unigrafica e integrante da comissão de negociação patronal “enche a bola” dos trabalhadores. Diz ele que “o maior diferencial competitivo das empresas gráficas cearenses é seu quadro de pessoal”. Para ele “os trabalhadores gráficos cearenses são possuidores de um conhecimento tácito ímpar”.

Nada mais contraditório. Na mesa de negociação, irresponsáveis e cachaceiros, são apenas alguns dos adjetivos que os gráficos do Ceará ganham dos patrões. Além do mais, a comissão de negociação patronal costuma dizer que não dá condições de vida melhor aos trabalhadores porque é “escrota”.

Entre a teoria da indústria gráfica sustentável e da qualidade de vida, e a realidade dos trabalhadores gráficos há uma distancia enorme. O nosso Sindicato reconhece que o maior diferencial da indústria gráfica cearense é o trabalhador. O mesmo trabalhador que o Unigrafica nega reajuste salarial, piso salarial, cesta básica e condições de trabalho que lhe proporcione a tal qualidade de vida.

O trabalhador gráfico do Ceará, se quiser ter um pouco daquilo que os patrões dizem que dão terá que recorrer à greve. Dia 26 de junho, ás 14 horas, a categoria estará reunida para definir o rumo da Campanha Salarial 2010. Qualidade de vida é o que queremos. E conquistaremos na luta.

*Rogério Andrade é presidente do Sintigrace

7 de jun. de 2010

Assembléia Legislativa realiza Sessão Solene em homenagem aos 80 anos do SINTIGRACE

Na terça-feira dia 08 de Junho, às 15 h no plenário 13 de maio, a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará estará realizando audiência pública em homenagem aos 80 anos do Sindicato dos Gráficos do Estado do Ceará. Solicitada pelo Deputado Estadual João Ananias (PC do B), a solenidade irá homenagear os ex-presidentes que contribuíram com a construção e retomada do sindicato após o regime militar em 1982.
Fundado em 1930 e reconhecido em 1942 pelo Ministério do Trabalho, o SINTIGRACE é o sindicato mais antigo do estado do Ceará.
Sempre solidário a lutas das diversas categorias, o SINTIGRACE,comemora seus 80 anos,filiado a CONATIG e ao DIEESE e em plena atividade lutando pela campanha salarial 2010 no setor de gráficas convencionais.
Após a homenagem será realizado um coquetel no Sindicato dos Jornalistas.

Conheça a história dos Ex-presidentes do SINTIGRACE

 
Luiz Gonzaga Lima
Nasceu em Teresina, Estado do Piauí em 20/08/1935. Ingressou na categoria gráfica na Imprensa Oficial do Piauí em 1951, ocupando a função de ajudante de linotipista. Já linotipista profissional chega ao Ceará para trabalhar no Jornal O Democrata, órgão oficial do Partido Comunista Brasileiro, em 1956, onde trabalhou até 1958. De 1958 a 1961 trabalhou na Gazeta de Notícias; De 1961 a 1964, trabalhou na Tribuna do Ceará; De 1964 a 1968 trabalhou na Tipografia Minerva; De 1968 até 1981 trabalhou no jornal A Fortaleza; De 1981 até 1998 trabalhou na Imprensa Oficial do Ceará. Filia-se ao Sindicato dos Gráficos do Ceará em 17/06/1956. Chegou à presidência do Sindicato em 1969, onde permaneceu por dois mandatos, na época da intervenção do regime militar; Ficou na diretoria do Sindicato até 1988. Filiou-se ao PCB em 1947; Respondeu a processo durante o golpe militar; Participou de várias greves. Como presidente comandou duas greves na IOCE e duas no Sindicato, tendo lutado duas na gestão do presidente José Augusto de Oliveira.
Raufidário Catanhêde Gourlat Coêlho
Nasceu em Cururupu, Maranhão no dia 12 de março de 1958. Profissional das artes gráficas, exerceu a função de Encadernador. Filiou-se ao sindicato em 18/08/1980. Foi o primeiro presidente após a intervenção da ditadura militar, assumindo a presidência em 1º de maio de 1983. Foi reeleito para o mandato 1986-1989, porém não chegou a cumpri-lo tendo afastado-se da vida sindical em 1986. Foi militante do Partido Comunista do Brasil – PCdoB.
José Gerardo Dasmaceno
Nascido em 08/05/1960, Desde muito jovem aos 14 anos, já militava no movimento cultural do bairro do Pirambu, fazendo parte do grupo, que morava a peça Paixão de Cristo. Aos 14 anos também, começou a trabalhar como ajudante de impressor na tipografia Bom Jesus, uma microempresa, que existia no bairro do Pirambu. Na referida empresa aprendeu a profissão, vindo a tornar-se impressor tipográfico e posteriormente participou de curso de impressor de off-set do SENAI. Passou então a trabalhar nesta função. Em 1980 passou a trabalhar na Imprensa Oficial do Município, onde exerceu também a chefia do setor gráfico. Em 1982, articulou a chapa de oposição, que foi vitoriosa na eleição daquele ano, pondo fim a uma intervenção que perdurava por 18 anos no Sindicato dos Gráficos. Apesar de eleito presidente, a chapa derrotada entrou com uma ação para impugnar a chapa vencedora, pelo fato de Gerardo Damasceno ser servidor público. (Naquele tempo final de regime militar havia ainda uma determinação que impedia os servidores públicos de terem sindicato) Para evitar uma longa batalha judicial, Gerardo Damasceno preferiu renunciar evitando a demora na posse da diretoria eleita. Assim os demais integrantes da diretoria eleita puderam tomar posse. No mandato seguinte sem nenhuma tentativa de impugnação pode participar da diretoria, como vice-presidente. Tendo assumido a presidência em 1985 permanecendo até 1986. Após a retomada do sindicato das mãos dos interventores a categoria obteve muitas vitorias nas campanhas salariais se seguiram. Hoje formado em pedagogia, dirige a ONG Academiade Ciencias e Artes (ACARTES), que capacita jovens em linguagem audiovisual no bairro do Pirambu onde mora ate hoje.
Escreveu os livros:
Passado Presente Brasil;
Poço da Pedra, este ultimo já foi adaptado por Raimundo Cavalcante e está sendo finalizado em formato cinematográfico sendo este seu primeiro longa metragem.
José Augusto de Oliveira
Nasceu em Fortaleza no dia 15 de julho de 1945. Iniciou carreira na atividade gráfica em 1968 como Auxiliar de Linotipista, no Jornal Correio do Ceará, sendo logo em seguida promovido a Linotipista, atividade que exerceu até sua aposentadoria. No mesmo ano requereu sindicalização no Sindicato dos Gráficos, em 28/10/1968, sendo o sócio de número 422. Porém só chegou a diretoria do Sintigrace em 1986, sendo presidente nesta gestão a partir de 1987, em substituição a Gerardo Damasceno, que renunciara naquele ano. Foi presidente ainda em 1989-1991, 1991-1994 e 2004-2006, ano em que afastou-se definitivamente das atividades sindicais. Além de presidente foi secretário-geral e secretário de formação sindical. Comandou várias greves na categoria gráfica e também participou em outras categorias de nossa cidade: sapateiros, metalúrgicos, têxteis, construção civil, vigilantes, castanheiros, servidores públicos. Participou ainda da luta de trabalhadores sem terra, sem teto e de estudantes. Foi secretário geral da Central Única dos Trabalhadores - CUT na gestão do hoje vereador Acrísio Sena. Foi ainda presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas – FNTIG, de 1996 até 1998. Foi Assessor Sindical no Sindicato dos Vigilantes. Foi filiado ao PSB e ao PT, hoje encontra-se sem filiação partidária.
Juarez Alves de Lima
Nasceu em Cascavel no Ceará em 26/08/1954 e viveu toda infância e juventude no Pirambu. Estudou até a quinta série ginasial em, escola particular, concluindo o ginásio e o científico na escola pública José Waldo Ramos e Liceu do Ceará, respectivamente. Trabalhou em fábrica de calçados de 1965 a 1971, antes de chegar a categoria gráfica, tendo sido o Sindicato dos Sapateiros, seu primeiro Sindicato. De 1973 a 1979 prestou serviço militar onde conseguiu progredir na carreira militar, tendo chegado a cabo. Em 1979 conclui o curso para impressor de offset no Senai, tendo trabalhado no mesmo ano na indústria de exportação de frutos do mar. Em 1980 entra na categoria gráfica, trabalhando no jornal O Povo, sendo demitido em 1986. Voltou em 1987 para ser demitido em 2009, arbitrariamente pelo jornal O Povo, mesmo sendo dirigente sindical, detentor de estabilidade provisória. A demissão que ainda tramita na justiça se deu pelo fato de ter participado da greve de jornalistas e gráficos naquele ano. Filiou-se ao Sindicato dos Gráficos em 26/01/1982. Chegou a diretoria em 1989, após a gloriosa greve de 1988 ocupando o cargo de delegado representante; Presidente em três mandatos: 1995/1998, 1998/2001 e 2001/2004, exerceu ainda as funções de secretário geral, secretário de subsedes, secretário de formação. Atualmente é secretário de formação, comunicação e imprensa. Participou de várias greves na categoria gráfica e também de outras categorias: sapateiros, metalúrgicos, têxteis, Construção Civil, Vigilantes, Castanhas, servidores públicos. Participou ainda da luta de trabalhadores sem terra e sem teto e também de várias lutas dos estudantes. Foi ainda diretor da Central Única do dos Trabalhadores – CUT e da Federação Nacional dos Trabalhadores da Indústria Gráfica – FNTIG. Foi filiado ao PSB e PT, hoje está sem partido.